Qual Coordenador Pedagógico
(CP) já não foi surpreendido pela ausência inesperada de um professor? O que
fazer nesses momentos? A escola está preparada para esses imprevistos?
Nem sempre! E essa situação
acontece muito mais do que se imagina (infelizmente!), tanto que gerou tema de
pesquisa de dissertação. Silmar dos Santos, mestre em Educação pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autora da pesquisa As Faltas de Professores e a Organização de
Escolas na Rede Municipal de São Paulo, constatou que “as soluções mais frequentes usadas pelas escolas para cobrir as
ausências são: utilizar professores eventuais, distribuir a turma pelas classes
da mesma série, deixar os alunos em outros espaços da escola sem professor ou
mesmo na sala, mas sem ninguém para conduzir um trabalho (a chamada aula vaga),
e dispensar os alunos - essa última, a pior das soluções pois essa medida causa
problemas aos pais, que podem não ter como buscar os filhos antes do horário
previsto.”
Doenças pessoais ou na família
são os principais motivos que podem levar os professores (seres humanos como
qualquer outro!) a se ausentar do trabalho uma vez ou outra. Sabemos que
imprevistos podem acontecer e o CP deve saber como agir nesses momentos,
afinal, o professor faltou mas a criançada está presente e têm o direito de ter
uma aula com a mesma qualidade de sempre. A esse respeito quero esclarecer que
manter a qualidade significa manter a rotina de trabalho com o mínimo de
condições para que os alunos tirem proveito das situações didáticas oferecidas.
Não dá pra pensar em “passar
o tempo” da criançada ou adolescentes de qualquer forma, afinal eles estão
presentes para aprender, o professor é que não estará ali para ensinar. Por isso,
é sempre bom ter algumas cartas na manga ou coelhos na cartola. Passe de mágica?
Não... planejamento, isso sim!
Vejamos algumas situações que podem auxiliar o
CP nesses momentos:
1. Se a ausência já estiver programada, o profissional pode deixar
tudo preparado e elaborar um planejamento para que a pessoa que vai
substituí-lo saiba o que fazer. Mas fique atento CP: alguns professores
preferem eles mesmos darem continuidade aos projetos e atividades que estariam
na rotina da semana (o que é bem compreensível), e dessa forma preparam
atividades tipo “passatempo” para o substituto aplicar em sala de aula. Porém,
essas atividades não contribuem de forma significativa com a aprendizagem da
criançada. E outro aspecto a ser observado é que, se forem atividades do tipo brincadeiras
e filminhos e que os adolescentes fiquem na torcida por mais aulas desse tipo,
pode ser um sinal de que aulas cotidianas realmente “caíram na rotina” no seu
sentido negativo.
Como intervir se seu
professor deixar atividades passatempo? Uma forma de evitar sem ser muito
impositivo seria, ao confirmar com o professor a ausência para o dia seguinte
(por exemplo) pergunte se o mesmo já deixou tudo preparado. Peça para dar uma
olhada a fim de verificar se o substituto compreenderá bem os encaminhamentos
ou se precisará de sua ajuda. Observe neste momento se foram planejadas
atividades contextualizadas com o que a turma está estudando ou não.
Em caso positivo,
elogie e diga que se o substituto necessitar, você estará de prontidão. Em caso
negativo, tratando-se de “atividades fora da caixinha”, diga ao professor que
ele poderia aproveitar melhor esse momento com as seguintes propostas: reforçar
uma etapa já realizada de um projeto, em que os alunos ainda necessitam
aprofundar; reforçar um conteúdo com atividades semelhantes às já realizadas;
complementar uma sequência didática ou etapa de projeto com um filme para
discutam em aula posterior com anotações; revisar um conteúdo com uma atividade
desafiadora; propor um jogo que a turma já domina para exercitar possibilidades
de cálculo, resolução de problemas; enfim, propor situações didáticas que tragam
atividades dentro do contexto da sala de aula e que aproveite esse tempo de
forma significativa para os alunos.
Mas querido CP, você
somente conseguirá evidenciar se seu professor está deixando atividades
descontextualizadas se estiver acompanhando rotineiramente seu planejamento,
visitando sua sala, acompanhando aulas e visualizando sua rotina. Seu
acompanhamento é fundamental para a formação do professor. Mas isto é assunto
para outra postagem!
2. Se o professor teve um imprevisto e se ausentou, a história muda! O
primeiro passo, claro, preencher a lacuna: professor adido (disponível na escola);
professor eventual a ser chamado pela secretaria de escola; algumas escolas
acabam colocando o professor “do reforço” para substituir em casos extremos (o
que prejudica a rotina dos demais professores e, principalmente, o atendimento
dos alunos); pode, também, ocorrer ausência de dois ou mais professores; e, não
havendo outra possibilidade, entra em cena, ou melhor, em sala de aula você,
Coordenador Pedagógico. Vamos às sugestões:
·
Sendo
um professor eventual frequente na escola, que sempre
está em contato com a turma, e se você conhece o professor regente e sabe que a
continuidade do planejamento semanal pode ser dado sem problemas, ótimo!
·
Porém, se for um professor eventual inexperiente ou que raras vezes
substitui nessa determinada turma, vale recorrer ao planejamento semanal do
professor (por isso é bom que você sempre disponha de cópias, o que será
assunto para a postagem do Acompanhamento
pedagógico) e verifique quais momentos da rotina serão possíveis garantir,
juntamente com o professor substituto, pois ele demonstrará o quanto de
segurança possui para as tarefas do dia.
No
caso de Educação Infantil e Fundamental I (anos iniciais e intermediários), as
atividades permanentes podem ser garantidas, o que traz segurança tanto para o
professor (que certamente saberá do que se trata) quanto para as crianças. Vale
lembrar que a rotina é um dos aspectos para o desenvolvimento da autonomia das
crianças desde bem pequenas.
Já
no Ensino Fundamental II (anos finais) e Ensino Médio, vale saber o quanto o professor
substituto está inteirado dos assuntos da série, e o que pode salvar neste
momento são as chamadas “Sequências Máximas”: sequências didáticas para as
séries, de acordo com as áreas de conhecimento e projetos que estejam
acontecendo, compondo um banco de atividades extras para ser usadas em
situações emergenciais. Esta é uma das ações eficientes que diretor e coordenador
pedagógico podem implementar.
Outra
alternativa, sempre que possível, seria integrar os professores eventuais aos
momentos de formação da escola, pois dessa forma terão conhecimentos sobre os
projetos da escola e, principalmente, conhecerão o PPP da instituição.
·
E
se faltarem mais de dois educadores? "Tanto a bibliotecária como a responsável pela sala de informática
- ambas pedagogas - estão preparadas para entrar em sala de aula, pois também
participam da formação de professores e têm acesso ao banco de planos de
aula", conta Cláudia Maragno, coordenadora pedagógica da EMEF João
Belchior Marques Goulart, em São Leopoldo, município da Grande Porto Alegre
(Revista Gestão Escolar, setembro/ 2010).
A
interação entre substituto e titular tem de ser constante durante o ano. Mas a
troca se torna mais necessária quando as ausências são longas - por causa de
licença-maternidade ou permissão para fazer um tratamento médico, por exemplo.
É importante que o profissional que vai cobrir o colega conheça as
características da turma, entenda o que já foi planejado para o período de
substituição, saiba como os projetos estão avançando e tenha acesso aos
registros dos alunos. Tudo isso para garantir que não haja a ruptura durante a
transição do trabalho de um docente para outro. O mesmo deve ser feito no
retorno ao trabalho de quem tirou licença: as aulas dadas pelo professor
eventual têm de ser registradas (Revista Gestão Escolar, setembro/ 2010).
·
Não há eventual à disposição ou faltaram
mais professores: entra em cena, ou
melhor em sala, o Coordenador Pedagógico! Às vezes, também o Diretor! Não
podemos esquecer que nós, Gestores, Diretores, Coordenadores Pedagógicos,
estamos exercendo uma função transitória e que nossa essência é ser professor!
Assim, retornar à sala de aula vez ou outra nos faz sentir novamente na pele os
dramas e as alegrias da profissão.
Claro
que não dá pra ser um contínuo, afinal não é esse o papel do CP. Mas aproveite
essa oportunidade, caso se faça necessária, para retomar a rotina da sala de
aula, observar como os alunos estão realizando determinada atividade ou se assimilaram
determinado conteúdo. Tudo isso, dentro do contexto da rotina.
Não
vale aproveitar a ausência de seu professor para aplicar avaliação surpresa ou,
muito pior, investigar algum comportamento de seu docente ausente. Acredite, os
alunos também sabem quando está bancando o detetive!
Antes de concluir essa postagem, vale também dizer que , em casos extremos, ou seja não havendo nenhuma outra possibilidade, algumas escolas "distribuem" os alunos da turma do professor ausente em outras turmas ou, havendo espaço, juntam as turmas. Infelizmente essa alternativa atrapalha a rotina do professor que assume os alunos, pois ele havia planejado mais que uma aula expositiva: envolve materiais, organização da sala, agrupamentos, entre outros. Além disso, a própria turma que está recebendo os colegas têm de se adaptar aos recém chegados de forma repentina, o que pode levar um certo tempo da aula. Além disso, se tiver na turma alunos com necessidades especiais, a rotina deles deverá ser considerada como ponto importante para decidir a melhor forma de reorganizar esse episódio. Como um autista perceberá toda essa mudança?
Puxa, quantos elementos a se considerar quando precisamos lidar com a ausência de professores. Mas, pode tornar-se menos conflitante se a escola já pensou sobre isso e possui um certo planejamento para esses momentos de sufoco.
Antes de concluir essa postagem, vale também dizer que , em casos extremos, ou seja não havendo nenhuma outra possibilidade, algumas escolas "distribuem" os alunos da turma do professor ausente em outras turmas ou, havendo espaço, juntam as turmas. Infelizmente essa alternativa atrapalha a rotina do professor que assume os alunos, pois ele havia planejado mais que uma aula expositiva: envolve materiais, organização da sala, agrupamentos, entre outros. Além disso, a própria turma que está recebendo os colegas têm de se adaptar aos recém chegados de forma repentina, o que pode levar um certo tempo da aula. Além disso, se tiver na turma alunos com necessidades especiais, a rotina deles deverá ser considerada como ponto importante para decidir a melhor forma de reorganizar esse episódio. Como um autista perceberá toda essa mudança?
Puxa, quantos elementos a se considerar quando precisamos lidar com a ausência de professores. Mas, pode tornar-se menos conflitante se a escola já pensou sobre isso e possui um certo planejamento para esses momentos de sufoco.
Além disso, este
é um momento que pode tronar-se interessante para que os alunos percebam que
todos na escola estão envolvidos com o processos de ensino e aprendizagem,
inclusive a gestão. Os pais também percebem que existe um planejamento conhecido
por todos e por isso podem confiar plenamente na equipe escolar: seus filhos
não ficarão abandonados à própria sorte, mesmo que o professor não esteja
presente.
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