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REFORÇO ESCOLAR: UM BEM MUITO NECESSÁRIO (parte 1)



Você professor ou gestor já sentiu bater aquele desespero quando percebe que determinado aluno demonstra algumas necessidades de aprendizagem que poderiam ser superadas caso tivesse um apoio individualizado e sistemático?  Que por muito pouco esse aluno poderia desenvolver todo seu potencial e avançar na construção de seus conhecimentos?
Não raro, observamos que esse aluno já demonstra tais necessidades no início de sua vida escolar e, infelizmente, acumula ao longo dos bimestres (e anos!), tornando-se defasagens de conteúdos que posteriormente dificultarão a aprendizagem de outros assuntos mais avançados. Ao chegar nesse ponto, o estudante passa a ser mais um aluno com dificuldade de aprendizagem, como costumamos rotular, de modo generalizado, e o que era somente uma pequena necessidade de atenção lá no início tornou-se um monstro, uma avalanche de conteúdos sem sentido...
Quando existe a possibilidade de analisar a trajetória de aprendizagem desse sujeito, agora tecnicamente rotulado de Alunos com dificuldade de aprendizagem, percebemos que se ele tivesse recebido o suporte pedagógico adequado, no momento inicial em que suas necessidades foram diagnosticadas, suas oportunidades de aprendizagem, desenvolvimento e sucesso escolar seriam muito diferentes. Essas crianças e jovens são aqueles que, muito provavelmente, comporão as estatísticas de evasão escolar nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.  
Vale ressaltar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em seu artigo  12 prevê que “Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: (...) V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento”. E mais à frente, em seu Art. 13:  “Os docentes incumbir-se-ão de: ... III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.” Analisando os dois artigos, nos parece claro que cabe à escola prover meios (recursos físicos e humanos) para que os alunos com menor rendimento consigam ter sua aprendizagem garantida, bem como explicita que cabe ao professor zelar para que essa aprendizagem aconteça mediante a utilização de estratégias de ensino e, claro, boas intervenções.
Então, podemos pensar: se, na maioria dos casos, identificamos onde está a defasagem inicial dos alunos e se o mesmo possui o direito de recuperar seu rendimento garantido na LDB, porque, em algumas escolas, tal ação não existe ou, apesar de sua existência mostra-se pouco eficaz?
Com o ano letivo chegando ao fim, essa deve ser uma questão para uma reunião de Equipe Gestora, bem como incluir os professores de sala regular nessa discussão. Atenção: nessa discussão coletiva não vale colocar a culpa no aluno, principalmente no caso dos mais velhos, em que já receberam o tal rótulo de aluno com dificuldade há muito tempo e convivem com isso mais a obrigatoriedade de estar na escola, mesmo sem conseguir aprender.
Para que a reunião seja produtiva e a discussão mantenha o foco no propósito inicial, seguem abaixo algumas questões que podem nortear grupos menores e depois compartilharem coletivamente suas impressões e experiências:
·         O diagnóstico realizado no início desse ano norteou nossos planejamentos ao longo dele?
·         Foi possível identificar com precisão os alunos e suas respectivas necessidades e defasagens de aprendizagem?
·         Foram traçadas metas individuais para esses alunos e acompanhadas ao longo do ano?
·         Quais ações pontuais foram realizadas: pela gestão, pelo professor da sala de aula e por outro professor (de reforço, por exemplo?) Foram suficientes? Podem ser consideradas como boas estratégias por sua efetividade em relação à aprendizagem e desenvolvimento desses alunos com menor rendimento?
·         Quais foram os resultados finais com relação a esses alunos?
Tais perguntas servem apenas como norteadoras para uma discussão que deve ser bem ampla, pois tais preocupações, estratégias e concepções são constitutivas de um projeto de abrangência coletiva: o Projeto Político Pedagógico.
Ele deve trazer à tona os pontos críticos para discussão coletiva, tanto no início do ano letivo quanto ao término também. Afinal, encerrar o ano letivo com bombons, confraternização e despedidas é esperado ansiosamente, porém é extremamente importante mobilizar gestores e docentes para realizar uma análise dos pontos positivos e negativos do anos que se finda e registrar todas as opiniões para que possam constituir-se em temas a serem retomados no início do próximo período letivo. Iniciará um novo ciclo, em será relevante refletir, discutir e buscar estratégias a fim de melhorar o desempenho docente e garantir o aprendizado das crianças e jovens, sem deixar ninguém para trás.
E ao coordenador pedagógico fica a dica: estude, pesquise e busque a autoformação. Existem ótimas referências sobre o assunto em pauta “Reforço escolar”, com experiências bem sucedidas e textos como aporte teórico e aprofundamento.
Esse texto é somente o início dessa discussão... aguarde!
Bom final de ano a todos!

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