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Inicio de ano letivo... o que fazer? Esperar ou esperançar?


Olá Coordenador(a) Pedagógico!
Mais um ano letivo iniciando e com ele a perspectiva de que muitas coisas sejam diferentes, que muitas situações desagradáveis de anos anteriores não se repitam e que outras tantas de sucesso possam ser replicadas. Sempre desejamos que as crianças consigam ter um bom desempenho e que os professores venham super motivados para orientá-las no processo de aprendizagem.
Esperança? Sim. Esperar por dias melhores? NÃO!!! Logo explico: se consultarmos o dicionário veremos que há uma grande diferença entre ESPERAR e ESPERANÇAR
Esperar: Ficar em algum lugar até que chegue alguém ou alguma coisa que se tem como cetra ou provável; aguardar
Esperançar: É almejar, sonhar, buscar, agir; é contrário de esperar
Há uma diferença básica entre os dois verbos. Esperar é estagnar, é depositar em alguém ou em alguma força externa a capacidade de resolver determinada situação, é cruzar os braços e não tomar para si o compromisso de resolver. Mesmo que esperar por essa ajuda muitas vezes pareça a única solução, pois há casos que estão além de nossas forças ou de nossa autarquia, sempre há algo que possa ser feito, remediado, improvisado, até que tudo se resolva. Isso é esperançar: agir enquanto se espera por dias melhores. Ficar de braços cruzados à espera que o outro faça sua parte em nada ajudará na resolução de uma situação. É preciso buscar estratégias.
Portanto, nosso papel enquanto educadores, professores e, neste caso mais especifico, coordenadores, será sempre esperançar. E neste inicio de ano letivo é justamente o momento ideal de sonhar, almejar, buscar, agir.
Estive na coordenação pedagógica por alguns anos e colecionei algumas experiências que foram constituindo meu perfil, meu trabalho. Experiências nem sempre se referem a situações positivas, lembre-se: aprendemos por tentativa, erro/acerto e tentativa novamente. Assim, organizei uma lista com alguns itens que acredito que sejam imprescindíveis para tratar nesse momento inicial. Espero que seja útil a você amigo coordenador pedagógico! Não esqueça de eixar seu comentário ou compartilhar... Vamos lá:
1.    Projeto Político Pedagógico
É impossível iniciar o período letivo sem retomar alguns aspectos importantes desse documento fundamental e fundante da escola. É um documento extenso, é verdade. Mas alguns pontos são cruciais: visão, missão, valores, concepção e metodologia de ensino. Esse momento é valioso para retomar algumas reflexões junto aos professores já efetivos, bem como apresentar aos recém-chegados e começar a envolvê-los na dinâmica da escola (lembrando que cada escola possui sua cultura escolar, que abrange bem mais do que aquilo está transcrito no PPP).
Há questões interessantes a serem abordadas com os professores antes de retomar o PPP e que instigam a uma reflexão sobre o papel da escola na comunidade e o seu papel e quando agente de transformação da realidade. É preciso planejar uma pauta que não torne esse momento enfadonho, cansativo, com leitura e mais leitura. A quem se interessar posso enviar um modelo de pauta que poderá ser realizado em ATPCs, com momentos em que os professores participam, realizam atividade em grupo e confrontam com o PPP.  

2.    Calendário
Seu calendário já foi organizado, revisado e homologado? Não esqueça que nele deverão constar as os feriados, as datas comemorativas, sábados letivos, Reuniões Pedagógicas, Reuniões de Pais, Dias de Conselho de Classe, enfim todas as datas prováveis que serão ou não considerados dias letivos, para depois fazer a contagem total desses dias. Pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que regulamenta a Educação no Brasil, as escolas devem cumprir pelo menos 200 dias letivos anuais, distribuídos em dois semestres, totalizando, no mínimo, 800 horas. Se por algum motivo não houver aula, a escola precisa repor o período suspenso pelo menos até atingir os 200 dias mínimos estabelecidos por lei.
Para a Educação Infantil, com relação à pré-escola que contempla crianças de 4 e 5 anos, a Lei nº 12.796/2013 também estabelece que o período letivo será organizado com carga horária mínima anual de 800 horas, distribuída por no mínimo 200 dias letivos. O atendimento à criança deve ser, no mínimo, de quatro horas diárias para o turno parcial e de sete para a jornada integral.
O calendário deverá ser repassado aos professores logo que homologado pela Secretaria de Educação ou órgão competente.

3.    Quadro de docentes
Iniciou o ano com o quadro incompleto? Infelizmente isso acontece bem mais do que se possa imaginar. São concursos públicos que ainda não aconteceram, processos burocráticos que atrasam a contratação por tempo determinado, enfim, justificativas não faltam, mas o fato é: não dá pra esperar pela criançada sem professor na sala!
Alguns ajustes podem ser feitos até que a burocracia consiga resolver suas demandas, embora alguns deles possam ou não  ser realizados nas estâncias estaduais e municipais, para saber com certeza vale recorrer aos dirigentes de ensino e ver qual possibilidade mais se adequa à sua realidade. Aqui vão algumas possibilidades:
a) contar com professores da própria escola que possam acumular dois períodos ou mais aulas;
b) professores que assumiram projetos, como sala de leitura ou outros, poderão permanecer em sala de aula até que a situação se resolva;
c) mobilizar voluntários (lembram-se dos Amigos da Escola?) para aulas com projetos (Artes, Ciências, Capoeira, Jogos cooperativos ou de matemática, enfim). Isso poderá minimizar as chamadas “aulas vagas” ou preencher horários vagos de professores que já estão se disponibilizando a assumir mais aulas para não sobrecarregá-los;
d) em último caso, os gestores assumem a sala ou parte das aulas. Por que “em último caso”? A escola precisa de seus gestores em seus lugares para que as engrenagens continuem favorecendo o bom andamento do cotidiano escolar que, por si só, sempre é inusitado: nenhum dia é igual ao outro. Se uma criança se machucar, se um professor necessitar de um apoio ou tirar uma dúvida, se uma família buscar por um gestor, ou outra situação emergencial, quem atenderá se o gestor estive em sala de aula? Irá ausentar-se momentaneamente e deixará a turma sob os cuidados de inspetores de alunos ou monitores? Isso acontece, pode ter certeza. Quem será prejudicado? Os alunos.  A cada vez que você se ausentar tenha certeza de que parte dos alunos perderá o foco na atividade, muitos ainda necessitam de sua atenção (principalmente os menores) pois ainda não conseguem agir com total autonomia. Há casos em que o coordenador assume uma sala de aula (de manhã, por exemplo) durante todo um semestre, e a coordenação pedagógica no período contrário. Claro que, a interação com a sala de aula não o deixa distanciar-se desse rico cotidiano, entretanto essa ausência na coordenação deverá ser bem planejada, pois não haverá ninguém substituindo a sua função no momento em que estiver em sala de aula.
Os professores precisam saber que podem contar com seus gestores sempre que necessitarem para sentirem-se seguros ao realizar seu trabalho; os pais querem chegar na escola e ser atendidos em suas problemáticas e anseios; funcionários de apoio necessitam de materiais e orientações constantemente; tudo isso e muito mais corresponde às peças dessa engrenagem escolar que deverá ser organizada e articulada por aqueles a quem foi confiada essa responsabilidade: diretores e coordenadores.

4.    Quadro de aulas
Grande parte do funcionamento harmônico da escola depende da organização correta dos horários. Como consequência, o desempenho eficiente traz resultados positivos tanto para o aluno, como para os professores e para toda a escola. Essa é a ideia que deve guiar o quadro, fazer com que todas as pessoas envolvidas no processo fiquem satisfeitas com a ordem que a escola apresenta. Alguns aspectos a considerar:
a) o professor: A primeira delas é o professor. É necessário verificar quais as suas possibilidades de horário para ministrar as aulas e os seus locais de trabalho, destacando sempre o tempo de deslocamento. Considerar as necessidades do professor durante a produção do quadro de horários pode ter influências na qualidade do seu trabalho. Ao mesmo tempo em que são importantes para o professor, essas informações organizadas possibilitam que a escola reaja rapidamente aos imprevistos, como a falta ou até a saída de algum docente.
b) espaços escolares: A segunda variável é a gestão dos espaços escolares. Em um quadro eficiente, as informações devem estar disponíveis e organizadas para facilitar o controle dos dias em que serão ocupados os espaços da escola — como laboratório, quadra de esportes, sala de aula, auditório, entre outros. E para que todos tenham acesso aos espaços, pode-se gerenciar se os locais deverão ser utilizados exclusivamente por um professor ou se podem ser compartilhados.
c) de 1º ao 5º ano as dificuldades são menores mas existem: fazer coincidir horários de alunos que deverão ser atendidos por um projeto de reforço escolar (veja matéria sobre esse assunto aqui no blog), aulas de professores de Artes, de Educação Física, havendo ainda a possibilidade de jornada ampliada com o Mais Educação ou programas afins, tudo deve ser levado em conta na montagem desse quebra-cabeça. Sozinho será muito difícil dar conta de resolver tantas demandas. Por isso, coordenador e diretor constituem uma equipe gestora que pode contar a força extra da secretaria escolar que, geralmente, tem uma visão mais técnica e sistemática, além dos professores especialistas, por exemplo, que podem dizer o que já vem dando certo ou sugerir o que pode ser feito para melhorar em relação a anos anteriores.  É preciso envolver as pessoas nos processos, dar a elas a possibilidade de participar da organização escolar. Todos que são envolvidos sentem-se responsáveis e o sentimento de pertencimento de grupo faz com que o compromisso se multiplique.

5.    Diagnóstico inicial
Seus professores já preparam as sondagens iniciais? Ou vão começar com conteúdos programáticos da série para não ficarem atrasados?
Um diagnóstico inicial é imprescindível para o desenvolvimento de boas estratégias de ensino. Ao professor cabe conhecer o programa, os conteúdos que os alunos deverão aprender durante o ano, porém, mais importante é saber o que os alunos sabem. Sem esse conhecimento o professor pode frustrar-se e provocar frustrações nas crianças.
Os professores trazem consigo expectativas sobre o nível de aprendizado da turma, ou seja, hipóteses sobre os saberes das crianças: no início de um 2º ano é bem provável que os alunos já tenham uma escrita alfabética; no início do 5º ano todos os alunos já saber ler e escrever, solucionam situações problema do campo multiplicativo... Será? Todos? Aprendem da mesma forma? Utilizam as mesmas estratégias?
Somente com as sondagens é possível obter um diagnóstico inicial: o ponto de partida para o planejamento que, geralmente é após o Carnaval (na sua escola é assim?) ou nos ATPCs, e que definirá as estratégias de ensino para cada turma, para cada aluno. É o diagnóstico inicial que nos dá dados precisos acerca dos conhecimentos dos pequenos quando começam as aulas, mesmo no caso daqueles que frequentaram a escola no ano anterior e, portanto, já são conhecidos da equipe.
Como preparar as sondagens iniciais? Coordenador pedagógico entrando em ação! Ajude seus professores a planejarem as sondagens. Se precisar de material de apoio, deixe seu email nos comentário que enviarei uma proposta para cada série de 1º ao 5º ano.

6.    Planejamento
O que podemos melhorar? Como avançar a partir da experiência do ano que passou? São perguntas como essas que devem nortear coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais e diretores nesse momento de reflexão e acolhimento para com os professores que chegam – alguns encarando pela primeira vez uma sala de aula. Tendo como base o projeto político-pedagógico (PPP), o documento que funciona como um “guia” para organizar e definir propostas e ações concretas para cada instituição, os educadores podem começar bem o ano a partir da primeira reunião pedagógica do ano.
Segue aqui um link que poderá contribuir muito com seu planejamento, afinal esperançar é buscar e agir, ou seja, planejar e colocar em ação!
Vale a pena ler essa artigo completo, são dicas preciosas principalmente para quem está chegando agora nessa função de coordenador pedagógico. Aliás, se você é recém chegado nessa função, estou à disposição para esclarecer suas dúvidas e compartilhar minhas experiências, mas atenção: a gente só conhece o caminho, caminhando. Minhas experiências e de outros colegas poderão dar pistas sobre o que fazer, mas você certamente passará por experiências únicas que o constituirão como gestor. Sugestão: tenha um caderno para registros diários de sua rotina, dos acontecimentos, como alguns conflitos foram resolvidos, enfim, como um diário de bordo, afinal de contas você assumiu o leme de um barco que não pode ir à deriva! O registro reflexivo deve fazer parte de sua rotina atribulada... reservar um tempo para fazê-lo é fundamental!

7.    É só o começo...
Por mais experiente que o professor, coordenador ou diretor possam ser em suas funções, é impossível não sentir aquele friozinho na barriga assim que a criançada chega na escola no primeiro dia letivo. A maioria vem agitados, com saudade dos colegas, da professora do ano anterior, com expectativas para aprender, para se divertir. Há aqueles que, infelizmente, foram reprovados e podem parecer deprimidos; outros já nutrem um distanciamento pela escola; há os novatos e inseguros; enfim, cada aluno é um ser único e pleno de energia, emoções e saberes. Os alunos precisam sentir-se acolhidos nesse ambiente que, muitas vezes e para muitos alunos, parece hostil, distante de sua realidade ou indiferente. 
Assim como os alunos, os professores também chegam com expectativas, frustrações (não conseguiram a classe/turma desejada, deixar os filhos em casa ou em creche, instabilidade no trabalho, desvalorização salarial, enfim...), histórias de sucessos e fracassos...
Também precisam de acolhimento e quem lhes proporcione segurança para encarar esse novo ano letivo como uma nova oportunidade para fazer um trabalho de excelência, para empolgar-se com os avanços de seus alunos, para fazer bem feito o que deve ser feito. Você, coordenador pedagógico, tem essa missão. Não uma missão vocacional, profética e de autoajuda... mas a missão de propor meios e estratégias para que os professores realizem bem seu trabalho, de ser formador, questionador, provocador de reflexões.
Que este novo ano possa proporcionar novas experiências e aprendizagens significativas a todos nós! Que seja uma no de esperançar!



Comentários

  1. Que bom ter uma profissional como vc compartilhando esse conhecimento.Adorei....

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  2. Ah se puder me mandar o modelo de pauta de ATPC...

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